Prezada Dilma e Prezado Serra,
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, é uma entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil. Tem como missão a promoção da cidadania e defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.
Assim sendo, nos dirigimos a ambas as candidaturas à Presidência da República para pedir respeito: respeito à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa.
Respeito aos direitos humanos e, principalmente, respeito à laicidade do Estado, à separação entre religião e esfera pública, e à garantia da divisão dos Poderes, de tal modo que o Executivo não interfira no Legislativo ou Judiciário, e vice-versa, conforme estabelece o artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Nos últimos dias, temos assistido, perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral.
Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial.
O Estado brasileiro é laico. O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia. Também tem nos permitido realizar a promoção da autonomia das mulheres e combater o machismo, entre os demais avanços alcançados. O progresso não pode parar.
Por isso, causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais que vivenciamos. Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos. Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo.
O que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica.
Cara Dilma e Caro Serra
Por favor, voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos.
Nós da ABGLT sabemos que o núcleo das diferenças entre vocês (e entre PT e PSDB) não está na defesa dos direitos da população LGBT ou na visão de que o aborto é um problema de saúde pública.
Candidato Serra: o senhor, como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS. Aquele governo federal que o senhor integrou também elaborou os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, o senhor criou as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT.
Candidata Dilma: a senhora ajudou a coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações. A senhora assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo. A senhora já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia.
Portanto, candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.
A ABGLT acredita na democracia, e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. Vivemos num país da diversidade e da pluralidade.
É hora de retomar o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas!
Eleições 2010, segundo turno, em 15 de outubro de 2010.
ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
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Sem mais palavras.
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sábado, 16 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Eleições 2010
Só para variar eu e a Paula não vamos votar DE NOVO.
Esse ano tínhamos jurado que íamos transferir nossos títulos para BH, afinal é um absurdo ficar tantos anos sem votar, porém, como boas brasileiras que somos, deixamos para ir no último dia transferir nossos títulos, e é óbvio que estava lotado, a fila ia até o fim do quarteirão, daí desistimos.
Depois juramos que íamos nos cadastrar para o voto em trânsito... só que, para variar, DE NOVO, enrolamos até o último final de semana e desistimos, por preguiça. Não me orgulho disso, Ok? rs!
O negócio é o seguinte: se fôssemos votar, votaríamos em candidatos simpatizantes da causa gay, óbvio. Temos que pensar nos nossos interesses. No início do ano tínhamos decidido votar na Marina, do PV, apesar de sermos PT desde que nos tornamos eleitoras. Porém, depois que a Marina deixou claro sua linha de pensamento contra o casamento homossexual (por ser evangélica e blá blá blá), desistimos. Gostamos mesmo das propostas delas, mas votar num candidato que NUNCA aprovará leis a nosso favor (lei contra a homofobia, casamento homossexual, união civil, etc) seria muita burrice, certo?
Sinceramente, hoje penso que, se fosse votar, votaria no Plínio Arruda, do PSOL, que é o único candidato que se declara VERDADEIRAMENTE aliado da causa gay. O coitado não tem a menor chance de ganhar, infelizmente, mas acho que votaríamos nele. Num segundo turno, votaríamos na Dilma, do PT, por 2 razões: somos e sempre fomos esquerdistas e simpatizantes com o PT (não vou entrar em detalhes) e porque o PT ainda apoia um pouco a causa gay. Acho que com a Dilma presidente ainda temos alguma chance de conseguirmos a aprovação da lei contra a homofobia e da união civil, quem sabe? Enfim, espero sinceramente que ela ganhe.
O que me irrita na política brasileira, de verdade, é a velha história de misturar política com religião. Afinal, o Brasil é ou não um estado laico? Deveria ser, certo? De boa, não me interessa se os católicos, evangélicos e companhia são contra a lei da homofobia (afinal eles ADORAM falar mal dos homossexuais e com essa lei não poderão falar mais) e contra o casamento homossexual (eles pensam que o apocalipse chegará se nós pudermos nos casar, maior loucura), se eles querem ser contra, que sejam, cada um segue uma religião porque concorda com ela, mas a política é diferente, direitos são direitos! Se todos os cidadãos são iguais, nós também queremos nossos direitos! Pagamos impostos, igual qualquer um, somos seres humanos como qualquer um, e queremos ser respeitados, queremos nos casar com quem amamos e queremos poder registrar nossos filhos nos nossos nomes... será que é querer demais?
Então, é isso!
Votem com consciência no dia 03!
E, eu JURO, nas próximas eleições iremos VOTAR! Chega de justificar o voto.
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